Resenha de O Sombra #4, de James Robinson, Darwyn Cooke e J. Bone.
Contém spoilers
Em 1944, em plena segunda guerra mundial, uma rede de intrigas no melhor estilo de espionagem abrange alguns quase desconhecidos heróis da época, e remonta um capítulo perdido na história do Sombra.
Após a revelação familiar que acompanhamos na última edição, a história volta algumas décadas no tempo, onde algumas peças do quebra cabeças da vida do Sombra são montadas, mas não todas é claro… O mosaico da vida desse intrigante ser parece ser perfeito apenas enquanto houver lacunas entre suas peças.
A história é alinhavada pelo diário do Sombra, numa espécie de tentativa de escrever suas memórias, numa época indeterminada. Embora ele faça questão de enevoar ao máximo possível a narrativa, algumas coisas ficam claras: ele recebeu seus poderes e a imortalidade algumas décadas antes da segunda guerra, foi casado, mas abandonou a esposa temendo por sua segurança, mas deixou descendentes – que não herdaram suas habilidades sombrias. Mas ainda não foi dessa vez que tivemos uma “origem secreta”… E as circunstâncias que o levaram a adquirir os poderes ainda são um mistério.

A trama se concentra nos esforços do Sombra em auxiliar um de seus descendentes que se opunham ao regime nazista durante a segunda guerra, o que nos revela um lado mais humano do personagem. O Sombra é um sujeito muito difícil de definir. Chamá-lo simplesmente de “vilão” é uma forma muito limitada de explicar sua verdadeira essência. Chamá-lo de herói é uma heresia.
É interessante notar como ele lidava com os outros vigilantes fantasiados da época, não forjando nenhum (ou quase nenhum) vínculo de amizade, mas oferecendo trocas justas pelos seus “serviços”. Basicamente o que ele continua fazendo até hoje. James Robinson não desaponta com seu texto afiado e diálogos instigantes, embora nesse último quesito tenha deixado um pouco a desejar nessa edição. Ou talvez seja eu, que já ansioso por isso, projetei demais a expectativa…
No mais, um roteiro despretensioso e divertido, e embora o tema “espionagem na segunda guerra” esteja bem batido, a história vem com algumas surpresas interessantes de brinde. Um prelúdio para a estrada que o Sombra deve trilhar na época atual, a qual ainda deve exigir muito dele. A mente de Robinson não criou apenas inimigos com quem o Sombra deve lutar e vencer ou ser derrotado, vai muito além disso. Ele é um homem, que como qualquer outro é capaz de atitudes de bondade ou momentos de extrema intolerância e descontrole. O fato dele ter superpoderes o obriga a se encaixar nas duas opções disponíveis: herói ou vilão. A menos que ele consiga criar a terceira categoria… e sobreviva.
Essa edição foi ilustrada pelo incrível Darwyn Cooke, (falecido em 14 de maio de 2016, vítima de câncer) cujo estilo retrô foi uma escolha óbvia. Mas ao mesmo tempo, sua versatilidade poderia lhe conceder o cargo de desenhista regular da série facilmente.
Nem todos vão enxergar com bons olhos essa “quebrada” na história que vinha sendo contada até então, mas é certo que ao retornar ao presente, algumas coisas vão fazer muito mais sentido.
Coisas que você deve saber sobre o Sombra:
James Robinson utilizou o personagem quando escrevia a reformulação do Starman, que foi um sucesso absoluto. Ele deveria ser mais um vilão… Mas o Sombra nem de longe se encaixa nessa coisa de “ser mais um”. Ele acabou se tornando amigo do protagonista.
Não confunda esse personagem (cujo nome original em inglês é Shade), com o outro famoso Sombra!
Ele não tem nenhuma ligação com a organização S.O.M.B.R.A. (S.H.A.D.E. em inglês) da qual faz parte nosso querido Frankenstein (ou será que tem?).
Clique aqui para ler as resenhas anteriores!
Gostei muito da arte retrô de Darwyn Cooke!
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Esse estilo cai bem no traço dele mesmo, Guy!
Abs!
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Sou mais um dos que espera que a Panini publique essa revista por aqui, como encadernado, ou mini série.
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Tô contigo, Lexy!
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Essa revista do Sombra pertence a cronologia dos Novos 52? porque eu achava que os Heróis só tinham aparecido 5 anos antes, mas nessa revista aparecem outros vigilantes.
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Pertence aos novos 52 sim… apesar dessa era heroica do reboot só ter 5 anos, começando com o surgimento do Superman, ficou subentendido que houveram atividades meta humanas, no passado remoto de Demon Knights e outras conexões do Stormwatch, por exemplo. Obrigado pela participação! Abraços!
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Cara, esta série esta muito boa. Gostei do Sombra em Starman e aqui também está muito bom. Pena que isso não vai sair por aqui e que a Panini não continuou com Starman, tenho o primeiro volume, mas bem que podiam lançar em encadernados com capa cartonada e mais baratos, tipo estão fazendo com Jonah Hex e Y. Comprava certo hehe
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Tiago eu não acho impossível que a Panini venha a publicar isso por aqui… mas concordo contigo, eles ainda estão devendo o segundo volume de Starman.
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Apesar de ser um ótimo personagem e da equipe criativa ser nota 10, sem chances desse personagem ter alguma chance de ser editado aqui, onde não tem expressão. Acredito mesmo que James Robinson fez pacto com as Forças Sombrias, para conseguir publicar o anti-herói das sombras lá fora. Salve a base de fãs fiés de ambos!
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Bom, a Panini está publicando vários títulos dos novos 52 que não tem muita expressão aqui, por isso tenho alguma esperança de que o Sombra saia sim… torço por isso!
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Foi num numero especial (O Sombra 1945) que aprendi, em 1990, o que era degradée e como os quadrinhos podiam fascinar um adulto. Meu pai me mostrava as nuances de cor, com um brilho nos olhos que eu não entendia, mas que definitivamente herdei
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São esses pequenos detalhes do passado que às vezes sem querer nos definem no futuro…
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Melhor, vilão/não vilão (quando interessa) dos quadrinhos! Salve James Robinson em sua melhor forma e inspirado! Fora que quando o Darwyn Cooke desenha, instantaneamente a revista fica com “cara” de clássico. 😉
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Coloque James Robinson em seu habitat natural e tudo acontece naturalmente…
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