por Venerável Victor “tratador de Novos Macacos” Vaughan
Existe uma dificuldade visível em escrever um personagem como o Super-Homem: um sujeito que personifica todas as virtudes humanas. É ainda mais difícil de trabalhar em uma personagem que representa a perfeição feminina.
Mulher Maravilha – criada por William Moulton Marston – resenha originalmente postada no site irmão: O Baile dos Enxutos

Por um tempo, Brian Azzarello construiu uma história tão interessante que quase esquecemos seus defeitos com uma protagonista que é uma semideusa amigável, repleta de compaixão e acessível à humanidade. Até agora.
Agora Azzarello caiu numa armadilha, a mesma que já capturou a maioria dos escritores que trabalharam com a Mulher Maravilha, cedo ou tarde: ela se tornou mais uma figura em sua própria revista. O desenvolvimento de sua personagem parece ter parado em algum lugar após aquela história em que lutou contra Hades e assumiu que amava todos os seres vivos. E desde então nossa atenção tem sido direcionada para seu elenco de apoio e eventos em volta dela.
Nesse mês fica visível que ela raramente marca presença na trama a não ser quando tem que defender alguém ou sua própria dignidade – Orion, é melhor respeitar essa mulher – simplesmente não fica claro qual é mesmo sua real personalidade.
Até mesmo seu encontro com o “Primeiro Nascido” acaba sendo um tanto fraco, ou os repetidos recursos que o roteirista usa nos confrontos da amazona estão cansando. Nesse número, exausta por seu confronto com um outro deus momentos antes, ela mal consegue fazer frente à ele, mesmo com a ajuda de Lennox. Então, esse foi novamente o mote para que Azzarello tivesse a desculpa perfeita para trazer o poderoso Orion de volta para a revista. Mas a batalha não fica mais interessante por causa disso.
Essas são as palavras do Primeiro Nascido, mesmo arrogantes como são, coincide perfeitamente com o tema que Azzarello enfatiza o tempo todo nessa série: os deuses do Olimpo estão fadados a agirem sempre de acordo com suas naturezas, mesmo quando eles – por exemplo, Ares – estão cansados de isso acontecer e mesmo sabendo que isso os levará a seu fim.
A reação fria de Orion a esse discurso revela a diferença entre Novos e Velhos deuses. Orion é notoriamente um deus da guerra e – se sua origem continuar a mesma de Kirby – o filho do mal absoluto, mas mesmo assim ele é livre para seguir seu próprio destino! Ele tem a liberdade para mudar, coisa que o Primeiro Nascido e seus parentes nunca poderão.
Um personagem na trama declara que o destino da filha de Zola é provocar o fim do mundo. Uma profecia que Apolo e seus aliados estão certos que poderão evitar. E a vivência passada de toda a história da mitologia nos ensinou que mesmo quando o prognóstico para a mudança de um destino traçado é positivo, essa mesma profecia tende a inevitavelmente acontecer.
Capa de Mulher Maravilha #21 por Cliff Chiang
Mas de qualquer forma, Diana, Lennox e todos seus irmãos estão decididos a fazer melhor que seus antepassados: se importar uns com os outros, mesmo que esses sentimentos sendo considerados inferiores pelos outros Olimpianos – basta lembrar do quanto Hades encara o amor de forma infantil e a rejeição irracional do Primeiro Nascido com o reconhecimento de sua mãe.
Talvez aí esteja o real valor da Mulher Maravilha nessa passagem de Azzarello e o que ele realmente quer mostrar: a capacidade que ela tem, ao contrário de sua família, de superar o seu próprio destino.
Ao passo que os roteiros do talentoso Azzarello podem ser mais cerebrais que excitantes, a arte de Cliff Chiang faz com que pareça que temos ação o tempo todo na revista. As páginas finais são especialmente especiais, com Chiang de alguma forma emulando o estilo cinético do mestre Jack Kirby e de Darwyn Cooke, convertendo as inimagináveis forças de seu traço em “tubos de explosões” e painéis exuberantes.
Também merece ser lembrado aqui o elegante senso de design da revista esse mês, seu layout high-tech de Nova Genesis e do Pai Celestial respeita totalmente o passado ao mesmo tempo em que escreve um novo futuro repleto de potencial para esses maravilhosos personagens.
E ninguém desenha Diana como Chiang o faz: linda, poderosa, feminina, mas nunca, nunca, parecendo um simples objeto sexual e isso é algo que merece crédito.
Do ponto de vista intelectual, é muito injusto criticar as intenções de Azzarello com essa série, mesmo que a execução de tudo isso apeteça muito mais o coração que o cérebro. Se tudo o mais não for motivo para se acompanhar esse título: seu elenco de personagens ricos, tramas envolventes e o legado de Jack Kirby, pelo menos ainda temos uma das artes mais interessantes do mercado. E Diana? Diana ainda pode encontrar a sua voz na série.
Capa de Mulher Maravilha #21 – primeira série
Republicou isso em Blog do Rogerinho.
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Por falar em Mulher Maravilha, assisti a animação flashpoint e a mina tá muito boa nessa animação! recomendo!
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A arte está muito linda, agora cabe aos Deuses torcer para que a série não se perca…
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ÊXTASE foi o que sentir ao ler esse texto. Os alquimistas estão chegando. E os Novos Deuses também. E eu esperava essa volta pela mão de vários autores, mas não por Brian Azzarello, o autor de 100 balas e outras HQs mais urbanas. Grata surpresa. Maravilhas surgindo de onde menos se espera. Parabéns pelo seu texto excelente, perfeito e espetacular, ó Venerável.
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Lennox foi muito herói nessa edição ! Azzarello de longe é um dos melhores escritores dos novos 52
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Nessa altura já li essa edição #21 e a da semana passada, a #22. Estou muito feliz com a revista, com a inserção dos novos deuses no universo comum da MM, com tanta coisa…Mas após Trinity War, queria ver a antiga galeria de vilões da Diana repaginada e sob a visão do Azzarello! 😉
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Essa pose vale tanto na guerra quanto no amor, Diana minha querida! Você é linda como um neném! Que sexo tem? Que sexo tem?
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Este último painel do Cliff Chiang tá espetacular, uma grande homenagem ao rei Kirby!
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Série “cabeça” é assim. Acredito que se os Novos Deuses tenham estas ações desenvolvidas melhor numa mini ou em título próprio, Diana estará mais livre para aprecer mais em seu próprio título
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Ao meu ver Mulher Maravilha é tão útil quanto o Aquaman, a única diferença é que ela é uma gata em vez de um peixe.
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EDITORIAL SANTUÁRIO:
Segunda – Mulher Maravilha # 21
Terça – Novíssimos X-men # 14!
Quarta – Quadrinhos
Quinta – Os 10 +
Sexta – Homem Animal # 0!
Sábado – Umas Tiras da Pesada!
Domingo – O Terror está presente!

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