Deixe-me entrar! Deixe-me entrar, para espalhar miséria em seu mundo; para criar uma noite que vai durar mil anos! Deixe-me entraaaarrrrr…!
Por Rodrigo Garrit
John Higgins. Esse nome é familiar? Vamos lá caros devoradores de quadrinhos, vocês vão lembrar. Tudo bem, sem adivinhações. Peguem seus exemplares obrigatórios de Watchmen e A Piada Mortal do Sumo Sacerdote Alan Moore e vamos aos créditos: procurem o nome do colorista dessas duas HQs. Bingo! John Higgins! Sabiam que já tinham ouvido falar nele não?
Pois bem caros devotos, quem imaginaria que o colorista desses dois clássicos teria sua própria HQ na cabeça? Bem, eu imaginaria. Todo colorista tem o dom artístico e a fagulha divina que ao vir à tona incendeia a mente e gera uma nova obra. A grande questão é: por que John Higgins não é ainda mais famoso? Por que ninguém lembra de seus roteiros e desenhos na Marvel, DC e outras grandes editoras? Porque eles não foram feitos ou não tiveram a expressividade merecida. Porque ele foi visto como o colorista de clássicos, e esqueceram de olhar para o artista completo que ele é.
E talvez por isso, ele tenha tido a melhor oportunidade de expressar sua arte na COM.X, uma pequena editora inglesa, porém detentora de alguns títulos muito significativos para os quadrinhos.
E assim nasceu Razorjack. Criada, escrita, desenhada… e, ora vejam, colorizada por John Higgins! (Onde também atuaram Rodrigo Reis e Sam Hart para a edição brasileira).
A obra foi publicado originalmente em 2001 na Inglaterra pela citada editora COM.X, em um projeto “Creator-owned” – isso quer dizer que o autor da obra é dono dos direitos da mesma, e não a editora. Razorjack saiu aqui no Brasil como uma minissérie em duas edições pela Brain Store Editora, em 2002.
E a primeira coisa a se dizer sobre Razorjack é: esqueça Watchmen e A Piada Mortal. Fuja das comparações e leia esse gibi com a despretensão com a qual ele foi feito. Razorjack não é um novo clássico dos quadrinhos, até onde sei não teve seus direitos vendidos para o cinema e também não fulgura entra a lista dos mais vendidos.
Mas é um gibi legal pra caramba!
A realidade é dividida em diversas dimensões. A maioria dessas “DIMs” já foi dominada e corrompida por Razorjack, uma rainha infernal que escraviza impiedosamente tudo e todos que pode. Ela é a senhora das “Vagabundas Retorcidas” (Twist Bitches), sua guarda de elite e anseia por dominar a última dimensão, que é conhecida como “Dim Central” por ela… e como “Planeta Terra” por seus ingênuos habitantes, que nada sabem sobre a verdadeira natureza da realidade e dos temíveis demônios que se escondem nas frestas. A história alterna suspense policial com elementos sobrenaturais e de terror, mas em um plano geral, temos uma ficção científica de primeira.
Os “mocinhos” são os policiais Frame e sua parceira Ross, que investigam uma série de assassinatos e desaparecimentos, sem se dar conta de que tudo está ligado as investidas de Razorjack de derrubar os portais que separam as DIMs e invadir nossa realidade.
Acontece muita coisa nas duas edições que compõem a série, principalmente no capítulo final, quando temos um rápido avanço nos acontecimentos, onde semanas se passam em poucos quadrinhos. Mas apesar dessa necessidade de se correr com a história para que ela caiba em duas edições, tudo é explicado na medida em que pegamos o ritmo da história. É preciso que o leitor dê uma chance ao roteiro, pois ele começa bem confuso, nos jogando de pára-quedas no meio da “Dim Retorcida”, lar de Razorjack e suas vagabundas de aço. Mas a história vai se explicando pelo caminho e acaba provando que vale sua leitura até o final.
Uma ótima HQ alternativa para fugir um pouco do feijão com arroz da Marvel, DC e derivados. Seria interessante ver mais trabalhos de John Higgins publicados, não apenas como colorista, onde ele já provou ser mestre, mas também como o artista completo que ele é. Inclusive com novas histórias dentro do universo de Razorjack…
…pois ela ainda está lá fora, apenas esperando que alguém abra a porta e a deixe entrar.
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E vale lembrar que John Higgins publica na 2000 AD quase desde o início da revista!
No número 7 da Dredd Megazine será publicada uma HQ desenhada por ele, escrita por ninguém menos que Alan Moore!
E não acaba aí! Há uma história genial desenhada por ele e escrita pelo ótimo Al Ewing no Especial de Natal, no 10 a sensacional história curta “Assassino generacional”, com argumento de John Wagner, e na mesma edição começa uma HQ longa clássica do Dredd com arte dele e argumento de Garth Ennis!
Os fãs do Higgins não podem perder!
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Muito bem dito e lembrado, Pedro!
Abraços!
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Ótima recomendação Garrit. Você consegue passar uma genuína vontade de ler tais HQs. Agora resta descolar uns trocados! Abração.
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Obrigado… Vale muito a pena… eu fiquei fã.
Abraços!
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Os melhores nem sempre são valorizados mesmo hein… sacanagem! Graças aos deuses o Santuário nos apresenta mais que Marvel e DC!!! Sempre ótimas sugestões de quadrinhos e literatura alternativa!!! Obrigado por compartilhar conosco mais essa obra Garrit!!!
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Valeu mesmo amigo… eu tenho feito algumas “expedições arqueológicas” e adoro compartilhar minhas descobertas. Pode ter certeza que sempre vou procurar trazer novidades ou quadrinhos antigos não muito conhecidos…
Abraços!
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Cara eu tinha estas duas edições e me arrependo de ter passado a diante. Mas vi elas em um sebo aqui em Porto Alegre e vou pegar de novo heheh Se não der certo tem um amigo tem elas e esta pensando em me passar a coleção dele.:)
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É isso aí, recupera elas e vê se desta vez não perde de novo! rsrs
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Não conhecia, mas achei legal, o desenho do cara é muito bom e a história parece que é boa também.
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Eu tive uma boa surpresa, Guy, comprei meio que na “cara e coragem”, sem muitas referências, mas não me arrependo!
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Não conhecia! E me pareceu muito interessante!
Vou investigar esta obra…
(E eu que etá “conhecia” o Higgens… surprise!!!)
😀
Abraço
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Vale a pena a investigação amigo!
Abraço!
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Atitudes como essa editora inglesa Com.X são muito importantes, de permitir aos autores serem senhores de seus trabalhos, nesse ponto os ingleses sempre estiveram a frente, a Marvel tem o selo ICON, que tem uma proposta parecida, não? Como assim Rod Reis atuou nas edições brasileiras? a Razorjack aqui foi adaptada?
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Até o Willian Bonner as vezes comete seus equívocos, então, me permitam uma pequena correção: Na verdade Rod Reis e Sam Hart atuaram na colorização original da versão inglesa do número 2 de Rajorjack, o que acabou sendo a ponte de ligação para que a série fosse publicada no Brasil pela Brainstore.
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Legal saber, Henry, não bastando as vagabundas que temos que lidar todos os dias no nosso mundo, vem essa tal de Razorjack trazendo uma p’ade “vagabundas retorcidas”….
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Imagina que ótimos funks elas iriam inspirar… rs
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Só nas sebos para achar ela agora, hein!
Me interessei.
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Tem disponível para venda no http://www.comix.com.br
Não ganho nada pela propaganda…
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