E uma das resenhas que eu mais gostei de fazer.
Por Rodrigo Garrit
Ao completar cinquenta anos de idade, a vida de um homem acaba para em seguida recomeçar. E então acompanhamos a trajetória de Asterios, o egocêntrico e interessantíssimo personagem criado por David Mazzucchelli – sim, o mesmo de “Batman ano um” – , mas que aqui nos apresenta uma obra totalmente original e diversa do que estamos acostumados a ver nos quadrinhos americanos.
Como as forças da natureza podem alterar os rumos da nossa vida? Como o pensamento humano é capaz de criar ou destruir nossos círculos sociais, nos elevar ao status de um gênio respeitado ou ao de um reles Zé Ninguém? Essas são algumas das questões abordadas no livro, que se utiliza maravilhosamente de todos os recursos disponíveis na concepção de uma história em quadrinhos; é um verdadeiro espetáculo visual, amarrado numa história fascinante que emociona e nos faz parar um tempo para refletir. E nos provar que com simplicidade é possível contar uma história memorável, ao mesmo tempo em que aborda assuntos mais complexos.
Tudo começa com um raio que causa um incêndio no apartamento de Asterios, cuja vida já se encontrava fragmentada. A partir daí temos flashbacks que elucidam sua ascensão e queda, e sua jornada em busca da redenção. Após viver (propositalmente) sob todos os holofotes, ele precisa rever suas prioridades e restabelecer o que realmente é importante na sua vida. Uma jornada sem os clichês do gênero, deliciosamente inteligente e livre dos esteriótipos que massificaram a indústria quadrinhística.
Durante a leitura, somos brindados com várias questões filosóficas e científicas, mas elas são mostradas de forma natural e descompromissada, o que garante que o leitor não caia no tédio. É muito bom ler sobre assuntos relevantes, os quais geram longas discussões amigáveis e também a curiosidade de pesquisar e nos aprofundar em outros dos temas apresentados. Asterios Polyp é enriquecedor em todos os sentidos.
Esse é o tipo de material que me faz ter orgulho de ser fã de quadrinhos, e que deveria ser lido por todos os apreciadores dessa arte, independente do seu estilo preferido, e também por aquelas pessoas que não costumam ou não gostam de quadrinhos, ou que talvez nunca tenham lido… esse seria o começo ideal. É mais uma daquelas obras que vem confirmar que quadrinhos não são apenas para crianças, e que através deles é possível conceber histórias que beiram a genialidade. Trata-se de um presente para o leitor habitual, e uma aula para os profissionais envolvidos na criação de HQs.
Asterios é tão envolvente que li suas 344 páginas de uma só vez; e a história me convenceu tanto, que quando terminei achei a realidade estranha.
Asterios Polyp, tem roteiro e arte de David Mazzucchelli e ganhou os prêmios Eisner e Harvey em 2009, na categoria melhor Graphic Novel. Foi publicada no Brasil pela Companhia das Letras, em sua divisão Quadrinhos na Cia.
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A estética altamente estilizada é o veículo para mostrar relações humanas de uma das maneiras mais realistas que já vi em quadrinhos.
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ahhhhhhhhhhhhhhh, tá na minha lista de leitura.
Comprei ano passado na FC em Sp mas ainda não li 😦
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Cara, baita resenha como sempre:D
Ainda não li toda a obra por falta de tempo (R$) hehehe
Mas sei que vale muito a pena e se tudo der certo e nada der errado eu pego ela na feira do livro deste ano aqui em Porto Alegre.:)
Abs meu.
http://www.palitosnerds.blogspot.com
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David Mazzucchelli é o cara. Estou inclinado a rezar para o Arauto do Tempo, uma entidade fantástica que nem sempre reverencio, muitas outras vezes até conflito mesmo, na intenção de pedir a graça de alguma vez no futuro, ou futuro próximo, encontrar esse livro totalmente desvalorizado num sebo ou camelô na rua… quem sabe??? Como será o amanhã? Ah não…esse é o título da outra resenha… 😉
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Li muito sobre este trabalho do Mazzucchelli, é genial, mas devido ao preço, muito alto, ainda não li, mas esta na lista.
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Como você tem paciência e percepção para garimpar este tipo de trabalho, Garrit? Com certeza, foge do lugar comum. Parabéns!
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Asterios Polyp é mais um daqueles livros que todo e qualquer amante da BD deveria ler.
Tudo é bem feito neste livro, o registo gráfico à primeira vista pode parecer estranho, mas não é! Casa perfeitamente com o argumento, e é um hino à BD/HQ.
Recomendo a quem nunca leu. O meu único senão a este livro é o formato quadrado, não havia necessidade… podia ter o formato normal e ser mais fácil de arrumar na prateleira.
Fora isto é 10 em 10!
😉
Abraço
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Muito bom!Espero ler um dia!
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Embora eu esteja mais voltado para o mundo da fantasia sempre que vejo esse tipo de obra acho legal por nos enriquecer mas como seres humanos.
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Eu também tenho esse “pezinho” mais para a fantasia, Eliel, mas a história do Asterios é muito envolvente, pode crer… e a forma como essa história é contada, usando quase que no limite todas as possibilidades de uma história em quadrinhos é fantástica… uma aula deliciosa e um presente para os fãs!
Abraços!
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Tenho muita vontade de ler esse material.
Pena que coisas boas são meio… caras!
Mas um dia eu leio, nem que seja emprestado. rsrsrsrs
Adoro hq’s que contam outros tipos de histórias, e que brincam com a linguagem delas,
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Lexy, é como eu disse pro Weber abaixo… infelizmente, adquirir cultura no Brasil custa caro… o preço dos livros é um absurdo, e o mesmo pode se dizer desses álbuns de quadrinhos. Claro, quem ama literatura sempre dá um jeito, nem que seja comprando em sebos ou emprestando de amigos. Também existe a questão da pirataria e dos scans, que existe e não pode ser ignorada… eu particularmente sou a favor da democratização da cultura, seja da forma que for… mas isso não vem ao caso agora…
Abraços!
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Anotado!
Só por ser uma recomendação sua, já tá na lista dos “valiosíssimos” amigo!
E quanto ao preço… todos conhecemos o ditado popular: “Existe um mundo melhor. Mas ele é caríssimo!”
🙂
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Weber, valores são relativos, já gastei dinheiro com tanta coisa que me arrependi depois…rs… E antes que alguém imagine algum valor exorbitante, o preço desse álbum é 63 reais… por 344 páginas de quadrinhos de primeira qualidade. Em comparação a outras publicações do mesmo calibre, está dentro da média e eu diria que vale o investimento!
Abraços!
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Tomei conhecimento de tal obra através do Pipoca e Nanquim.Inicialmente vi-a com bons olhos,por pertencer a um artista renomado.Não li-a,ainda,mas pretendo fazê-lo o mais rápido possível.Uma das coisas que me chamou a atenção:A variação de cores usada nas páginas,corresponde as cores primárias. Só um detalhe:Um colega falou-me sobre o preço:Este disse,que o preço era de um exagero(me foge no memento o valor).
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É caro sim, Felipe. Mas vale cada centavo. Essa é pra guardar e mostrar pros netos.
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