por Venerável Victor “tratador planetário de macacos” Vaughan
Uma das maiores series dos quadrinhos do século XX estreou em 1999, mas teve a maioria de suas edições publicadas entre os anos 2001 e 2007, com a conclusão acontecendo em outubro de 2009. Para todos aqueles que já conhecem os maravilhosos artistas, Warren Ellis e John Cassaday, esse elogio que faço para essa obra não deve parecer espantoso, para os que não, eu vou explicar…
Parece estranho que essa série não tenha todo o prestígio e sucesso que muitas outras revistas contemporâneas tiveram e nem figure regularmente das listagens de blogs e publicações especializadas com mais frequência. O motivo pode estar no fato que Ellis, Cassaday e os demais colegas artistas levaram praticamente dez anos para completar as vinte e sete edições que fecham a história, ao contrário de obras como O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller e Watchmen e o Monstro do Pântano de Alam Moore, entre algumas outras.
Agora que o título está completo e até já conta com encadernados e “edições absolutas”, essa omissão não é mais aceitável. De forma alguma se engane: Planetary é a melhor revista de super grupo dos últimos vinte anos e por algumas e complexas razões, pode até ser a maior do século passado… Ou pelo menos a minha favorita e aqui vão as razões:
Planetary foi construído sobre uma premissa muito simples que foi se tornando cada vez mais intrincada e interessante a medida que a série prosseguia: os mais famosos e icônicos elementos e personagens da ficção do século vinte existem secretamente de uma certa forma ou outra no universo dessa série e cabe à seus quatro protagonistas que trabalham para a organização Planetary, “Os arquólogos do impossível” – os meta humanos: Elijah Snow, Jakita Wagner, o Baterista e Ambrose Chase – descobrir esses lúdicos artefatos e personagens, revelando a “História secreta do século XX”.
Aqui entre nós, Planetary foi criado como uma história que celebrava toda a cultura pop ficcional do século passado. Ou como o roteirista e diretor de cinema, Joss Whedon eloquentemente escreveu na introdução de um encadernado da série:
“Warren Ellis buscou inspiração de tantos elementos e tesouros da nossa cultura mundial que seu trabalho realmente se tornou um testamento da História do século XX, ou no que tange toda cultura popular, mas ela não é feita de forma pasteurizada ou negligente – Ellis tanto subverte como eleva os parâmetros, fazendo com que eles se encaixem perfeitamente em sua aventura épica”.
Mais especificamente, a revista tem como preocupação primária trazer a tona a influência e confluência da ideia que são os “super heróis” na nossa cultura moderna. De Doc Savage à James Bond, do Besouro Verde ao Sombra, de Tarzan à Fu Man Chu. Assim como filmes “B” de ficção científica dos anos cinquenta como Godzilla e as películas de ação Cult de Hong Kong.
Ícones como o Super Homem, Mulher Maravilha, Lanterna Verde, personagens Marvel clássicos e predominantemente o trabalho genial de Jack Kirby são combustível da narrativa da revista. Assim como todo o pós-moderno trabalho de roteiristas ingleses na DC Comics dos anos oitenta, no selo Vertigo, como Alam Moore, Grant Morrison, Peter Milligan… Que dividem espaço nas edições, assim como num passeio ao século dezenove, com os precursores dos super heróis: Os mitos gregos e de outras culturas e sim… Sherlock Holmes, Drácula e Frankenstein…
Ellis e Cassaday não deixam pedra sobre pedra quando se trata de escavar o coração do mito dos super seres existentes ou resistentes ao século XX e que provavelmente existirão por ainda muito tempo.
O resultado é uma bela, de tirar o fôlego, popular, lúdica e inteligente série de super heróis que se presta à um arquivo e homenagem à tudo que foi construído de ficção no nosso mundo. E por baixo disso tudo a estrutura narrativa é forte e coesa.
Muito da força da série “Planetary” reside na sua precisão e sua construção narrativa competente, mas nunca da mesma forma que, por exemplo, Alam Moore faz, sendo fiel e literal o tempo todo a sua forma e estrutura. Em Planetary cada uma das edições adota o estilo e a linguagem do gênero que o autor decidiu naquele mês explorar. Homenageando o material fonte que se inspira naquela aventura.
A medida que a série progride, todos esses elementos e mitos que individualmente são tratados em cada edição começam a interagir e a construir uma história muito maior, culminado na exposição dos secretos principais antagonistas de nossos heróis, análogos ao famoso Quarteto Fantástico.
Nesse ponto, os leitores tem consciência de que essa série não é apenas um maravilhoso conto, mas um inspirador trabalho calcado na narrativa metatextual do universo dos super heróis. Ficamos intrigados e consumidos a cada último número desejando que Elijah Snow consiga encontrar a peça que falta para descortinar o segredo maior dessa aventura.
Em uma era que tantas revistas sofrem para proporcionar alguma satisfação ao leitor, sem grandes proezas narrativas, Planetary consegue com extrema facilidade, calma e confiança agradar seu leitor totalmente.
Após tudo que foi dito, o grande triunfo de Warren Ellis em Planetary é celebrar todo o século XX ao mesmo tempo em que explode as portas para as bem-vindas possibilidades do século vinte e um. E como disse o explorador James Wilder no fim da série:
Ao Sr. Victor Vaughan do site : o santuário.com
Muito bem elaborado o texto da explicação dos fatos com relação ao lançamento ou relançamento da publicação = The Planetary – Os Arqueólogos do Impossível !
Pena que as editoras que colocaram as estórias deste “grupo alternativo de super heróis” em mixes de revistas do tipo : Brainstore e até mesmo a Pixel Magazine (que praticamente lançou todas as fases do respectivo encadernado), não tiveram a mesma sorte e cacife que a atual editora Panini Comics, está tendo e podendo lançar novamente no mercado editorial de HQs!
sinesio salomão – SP 09/11/2013 03:26 hs.
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Eu costumo dizer que existem histórias legais .. histórias fodas.. historias perfeitas e existe Planetary ! a melhor obra que li ! absolutamente fantástico ! Warren Ellis é um dos melhores escritores . gosto de td que li deste autor .
é verdade que vai ter encadernado da panini ?
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Confesso que ainda não li essa obra prima, mais nada melhor do que uma excelente matéria para nos instigar a conhece PLANETARY ..
Mais uma vez está de parabéns o nosso ilustre tratador de Macacos míopes
Venerável Victor Vaughan !!!
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Já li muita coisa sobre esta série, mas não a própria. Espero corrigir isso em breve. Esse texto atiçou ainda mais a curiosidade.
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Texto empolgante sobre uma HQ empolgante!
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Ótima resenha Venerable! Já ouvi falar(muito bem)de “Planetary” e depois de ler o seu ótimo texto,fiquei com mais vontade de ler(um dia farei isso)!
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Puta resenha hein amigo, agora interressei em adquirir a ediçaõ completa
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sempre fiquei com o pé atrás, vou confiar no seu texto e na sua dica. kkkk. Minha próxima leitura. Se souber de uma versão encadernada em português para vender me manda o link.
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O legal de Planetary é que a cada leitura você pesca uma nova referência, um novo detalhe. Um exemplo é o personagem das pistolas, que é uma mistura do “anti-Herói” dos pulps, Spider, com o Besouro verde. Vale e muito a leitura.
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Hmmm… Não conheço e desta vez, nem seu texto me incentivou a fazê-lo, Mister 3 Vês. Não parece o tipo de abordagem que eu gosto no gênero. Em matéria de HQs de super herois, acho que prefiro os mocinhos tradicionais.
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Não tenho essa série na minha coleção, por isso estou no aguardo da Panini lançar os encadernados para eu poder compra-los com muito gosto,
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Épico em todos os sentidos, Planetary puxa um fio que nos faz querer ir além dos quadrinhos… existe literatura, cinema e magia. É a reafirmação de tudo aquilo que todos os nerds sabem. O mundo é estranho, e é assim que ele deve ser.
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Amo! Pra mim a equação é simples: Planetary > qualquer outro quadrinho !!! 🙂
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Caro amigo otima dica de leitura procurarei ler.
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Cara, confesso que nao conhecia essa história, darei uma pesquisada!!!
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É uma série muito importante.Desenhos fantásticos.Seria a história definitiva do Quarteto Fantástico se a Marvel não estivesse morta nessa época.Felizmente o autor achou um lugar perfeito para criar essa história.Hoje os principais autores estão saindo da Marvel e da DC para contar suas histórias de heróis em editoras pequenas para ter uma maior liberdade e quem sabe ficarem milionários vendendo os direitos para o cinema e TV.Nós fãs da Marvel e DC sofremos muito com isso.Quem curte Titãs então…
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Já li algumas edições de Planetary e é bem empolgante, bem legal!
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Umas das melhores HQs mundiais? Você quis ser humilde no seu discurso Venerável! E político também meu bom redator, Planetary é a melhor revista (bimestral) que supera qualquer mensal! Na minha não tão humilde opinião! 🙂 😉 😉
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Okay, amanha a noite, eu começarei a ler Planetary, sem falta, promessa de homem ashuashua…
Ótima resenha Victor, parabéns.
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Quero estar errado, mas vai ser complicado a Panini lançar encadernado aqui.
A versão “ônibus” de Planetary tem 864 páginas. Mesmo lançando em 2 volumes não sei se a Panini vai se arriscar.
Se bem que lançou aquelas merdas de Paraíso X …..
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Deixou um gostinho de quero mais, ótima matéria V3! Fiquei curioso pra conhecer essa historia!
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Uma das minhas HQs favoritas, to ansioso para colocar minhas mãos no encadernado que a Panini prometeu
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Cara, Planetary é fantástico, Roteiros e referências que fazem qualquer um ter múltiplos orgasmos enquanto lê e a arte do Cassaday tá bacana. Está entre as obrigatórias para qualquer leitor de HQS.
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EDITORIAL SANTUÁRIO:
Terça- Mês dos vilões: Adão Negro
Quarta- Mês dos Vilões: Grodd
Quinta- Planetary, a História secreta do NOSSO mundo
Sexta- Agora imagine Neil Gaiman recriando o Universo Marvel em 1602!
Sábado- Umas tiras da pesada
Domingo- O Estranho Beijo de Warren Ellis: “I am Providence”
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