Resenha do encadernado “Wolverine: o Velho Logan” publicado pela Salvat/Panini.
Roteiro de Mark Millar, desenhos de Steve McNiven e arte-final de Dexter Vines, Mark Morales e Jay Leinsten.
Por Rodrigo Garrit
A primeira coisa que pensei quando olhei a contra capa do encadernado da Salvat foi: “Sério que isso é mesmo um dinossauro possuído por um simbionte”?
Se é Terra paralela, futuro alternativo ou uma simulação sádica da Sala de Perigo eu não sei; mas o que temos é uma história que se passa cinquenta anos no futuro, em um mundo praticamente sem heróis, controlado por facções malignas de descendentes de heróis e vilões.
Como se chegou a isso? Anos atrás os vilões decidiram se unir mais uma vez contra os heróis, mas desta vez pela visão visceral e – realista – de Mark Millar, que pensou certo ao imaginar que se levarmos em conta a vantagem numérica, a crueldade e total falta de pudores e respeito pela vida, unidos os criminosos poderiam mesmo vencer. E venceram. As consequências disso, é claro, tiveram repercussões em escala global, mas o foco da narrativa é o que aconteceu com o mutante canadense mais casca grossa da história. Depois que o mundo foi pro inferno, onde se escondeu o Wolverine? E por quê?
Bom não vou dizer exatamente o por quê, mas foi algo dramático e traumatizante mesmo para alguém como ele, acostumado a guerras e perdas. Algo que o abalou de forma tão covarde e contundente que o fez decidir nunca mais lutar, nunca mais ejetar suas garrar de adamantium, nunca mais ferir outro ser humano, mutante ou o que for.
Assim morreu Wolverine. E o que restou foi apenas o velho Logan.
Essa é a sua história.
Imaginar o amanhã e especular sobre o futuro não é algo novo, faz parte de nossa cultura, e é um anseio humano tentar prever o que está por vir. Mark Millar nos leva à fundo em seu devaneio apocalíptico, sem se preocupar com outras histórias onde a viagem no tempo foi abordada, principalmente Dias de um Futuro Esquecido, onde Wolverine tem uma grande importância. Mas a ausência de Sentinelas não quer dizer que o futuro seja brilhante. Será que, não importa o que aconteça, não importa quanto se tente mudar a história, o futuro do Universo Marvel está fadado ao terror?
Bom tomara que sim, senão não teria graça, teria?

Alheio a outras incursões pelo tempo e espaço, a preocupação de Millar não se dá nem mesmo com a continuidade do título mensal do Wolverine, uma vez que esse arco foi publicado originalmente em sua revista de linha e não numa minissérie fechada. Durante toda a narrativa, a única preocupação do autor foi de fato contar uma boa história, e isso, é claro, é muito bom! Quem dera mais autores chutassem a cronologia de vez em quando e nos trouxessem mais histórias desse nível. Sim, eu também gosto de cronologia, cronologia é legal… mas ela deve servir em benefício à história, não contra ela. Infelizmente essa última opção geralmente prevalece, seja por falta de habilidade dos roteiristas ou pressões editoriais… enfim, estou divagando.
Wolverine: O Velho Logan já surge de forma marcante como uma das grandes histórias na trajetória do personagem, divertida e instigante do começo ao fim, repleta de tragédias e reviravoltas, repleta de ótimas sacadas do autor com os elementos do universo Marvel reinventados para o seu futuro sombrio.
Alguns poucos personagens do passado de Logan aparecem, e de forma muito rápida, mas roubam a cena. Destaque para o Gavião Arqueiro dirigindo o Aranhamóvel e Emma Frost, que mantém sua beleza, vaidade e sarcasmo intactos, pelo menos enquanto puder manipular o que as pessoas podem ver com seus poderes mentais. Também foram muito bem elaboradas as reinterpretações de outros conceitos, o que gerou entre outras uma gangue de Motoqueiros Fantasmas, o uso inusitado da neta de Peter Parker e claro, os filhos do Hulk.
Outra ótima sacada foi a divisão de territórios entre os déspotas. Com uma mapa detalhado ele nos apresentou o território do Doutor Destino, Caveira Vermelha, Magneto (depois usurpado por um novo Rei do Crime) e a àrea dominada pela família Banner e suas aberrações canibais e incestuosas.

A arte de Steve McNiven (Guerra Civil) é visceral, mantém o patamar de austeridade e violência, retratando de forma muito competente toda a dor e a fúria nos olhos do Logan.
Essa história é prova cabal de que se tratando do Wolverine, não importa que idade tenha, ele ainda é o melhor no que ele faz.

Isso ta muito bom
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Excelente texto,Rodrigo!
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Valeu meu caro Fond… James Fond! 😀 😀 😀
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Mais um grande texto,Rodrigo!Vou comprar essa edição!
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Mais uma para sua extensa coleção, Sr Stark! 😉
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Só não gostei de uma coisa nessa história, mas se eu contar vai estragar pra quem não leu.
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Houveram duas coisas que eu não gostei… mas estão muito atreladas a spoilers pesados, e como não achei que prejudicaria o conjunto da obra nem mencionei… será que uma delas é a mesma coisa que você não gostou? Me manda in box no Facebook!
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Tive o imenso prazer de ler essa incrivel historia do velho logan através de scan agora tenho a chance de ter em mãos essa hq, realmente vale muito apena ! Essa é pra quem busca uma otima história e ótima arte. Valeu Rodrigo.
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Confesso que não estava disposto a adquirir O Velho Logan pela Salvat, mas, depois desse texto, vou dar uma chance a essa HQ. Vlw.
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Legal ouvir isso meu caro! Missão cumprida!
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