“E então, Nygma? Acertei? Eu acertei?!”
Editora: DC/ Panini
Preço: R$ 7,90
Data: Abril/2015
Número de Páginas: 76
Por Rodrigo Henry Garrit
BATMAN
ANO ZERO – Cidade Selvagem: Arca
Roteiro de Scott Snyder, desenhos de Greg Capullo e arte-final de Danny Miki
Originalmente publicado em Batman 32
Quem consegue sitiar toda uma cidade, tomar o controle, isolá-la do resto do mundo, escravizar seus cidadãos, auto intitular-se seu soberano absoluto e derrotar o seu maior defensor?
Mesmo contra o inexperiente Batman apresentado por Scott Snyder e Greg Capullo, dessa vez o Charada foi longe demais. Ou melhor, não foi nada longe, fez da sua cidade seu castelo, seu reino. Por mais absurdo, por mais fantasioso, por mais que não consiga transportar essa situação para um cenário da vida real, a forma como a história é conduzida pela dupla é tão vigorosa, tão cheia de sentimento que dentro daqueles breves instantes, e somente naquelas páginas… é tudo verdade! Se essa não a for a maior das qualidades de um escritor, então não sei dizer qual é.
Mas é claro que nem tudo é perfeito; a saga Ano Zero tem se arrastado por tempo demais, muito embora sua continuidade seja repleta de reviravoltas e bons diálogos unidos a curiosidade criada sobre a maneira como a juventude de Bruce Wayne será contada… mais uma vez, de novo e novamente. E embora exista essa insistência em nos revelar os detalhes da forja que transformou o garoto órfão no maior detetive do mundo, sedimentada de forma tão bem sucedida pelo clássico Ano Um de Frank Miller, a fórmula parece de fato não ter se esgotado, contrariando a lógica, e ainda rende algumas boas histórias sobre o Homem-Morcego, revelando-nos quem ele é e como veio a ser.
Scott Snyder já se tornou íntimo de Bruce Wayne e seu universo sombrio. Seus roteiros ousaram, irritaram alguns fãs, decepcionaram outros e quebraram algumas barreiras. Só assim poderia encontrar o sucesso que atingiu, sem medo de ousar, errando muito, mas compensando esses erros com grandes acertos. Dizem que qualquer um que trabalhe em título do Batman já tem garantia de boas vendas, afinal é o Batman! Então, isso invalida o talento de Snyder? Qualquer trabalho mediano seria campeão de vendas? Escritores fracos podem fazer um nome e até conseguir boas vendas, mas alguns poucos autores excepcionais conseguiram se tornar lendas junto de seus personagens. Se Snyder está entre eles… o tempo ainda vai dizer.
Greg Capullo se mostrou um artista consistente, seu traço já aderiu aos tons sombrios do vigilante de Gotham, mais uma vez contrariando a lógica por ser um artista mais caricato que muitos de seus colegas nesse ramo, tendo vindo diretamente da escola Todd McFarlane onde desenhava o também sombrio porém bem mais sobrenatural personagem Spawn da Image Comics.
Na próxima edição, a saga Ano Zero chega ao fim, e até pelo fato de se tratar de um prelúdio, seu final é quase óbvio.
“Quase”. E é esse “quase” que faz os roteiros de Snyder serem tão bons.
DETECTIVE COMICS
ÍCARO – Partes três e quatro.
Roteiro e arte de Francis Manapul e Brian Buccelato.
Originalmente publicado em Detective Comics 32 e 33
Em nova e excelente fase capitaneada por Francis Manapul e Brian Buccelato – que há não tanto tempo atrás entregaram algumas das melhores histórias do Flash dos últimos tempos – o título Detective Comics tomou para si algo mais próximo do seu nome, tornando as histórias mais voltadas para crimes misteriosos e a habilidade de um detetive sendo colocada à prova. Aliás, não apenas um. Achei incrível o destaque dado a Harvey Bullock, um personagem que hoje considero tão importante quanto o Alfred para a mitologia do Morcego. Bullock é mostrado com menos ênfase no policial mal humorado acima do peso comendo rosquinhas e mais como um grande detetive, rivalizando não apenas em habilidade, mas também em opiniões com o Batman, o que os coloca em divergência apesar de almejarem o mesmo objetivo.
A dupla de criadores trouxe algo do Flash na bagagem para Gotham, ou pelo menos em parte. Um dos elementos usados na história é a droga “ícaro”, que concede superpoderes temporários a quem a utiliza, mas com efeitos devastadores e mortais logo em seguida. Essa substância já havia sido mostrada na história do Flash interligada com Ano Zero, quando Barry Allen visitou Gotham anos antes de receber seus poderes.
Outro ponto alto dos criadores é a narrativa visual, simplesmente linda de se ver, do tipo que te faz parar uns momentos a mais durante a leitura e demorar um pouco antes de virar cada página para apreciar sua arte, principalmente os painéis com onomatopeias interagindo com o cenários, coisa que eles já faziam no título do Flash e felizmente trouxeram para sua passagem pelo Batman. Dentro da categoria dos roteiristas que são também ilustradores, eles estão entre os melhores da sua geração.
Enfim… uma revista ótima para se comprar… e não só por ser do Batman.
Republicou isso em Blog do Rogerinho.
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